Em um hospital, entre o bip dos monitores e os os apressados dos profissionais da saúde, existe algo invisível aos olhos, mas imensamente poderoso: a solidariedade de quem doa sangue. É esse gesto simples, anônimo e profundamente humano que salva vidas todos os dias e dá continuidade a histórias que poderiam ser interrompidas. Neste 14 de junho, Dia Mundial do Doador de Sangue, celebramos aqueles que estendem o braço não para receber, mas para doar vida.

Doar sangue é um ato que atravessa gerações, de empatia e compromisso com o outro. E quem faz disso uma prática sabe o quanto esse gesto transforma, tanto para quem recebe, quanto para quem doa. Simone Lourdes é uma dessas pessoas. Com seu sangue O negativo, ela se tornou uma presença constante no Hospital Márcio Cunha. “Desde 2013, eu faço doações de sangue aqui no Hospital. Comecei depois que conheci a unidade de hemoterapia e me encantei com a importância desse gesto. Meu sangue é O negativo, então sempre que precisam, me chamam, e eu vou com o maior prazer. Doar sangue é salvar vidas, e eu me sinto feliz em poder ajudar. É uma atitude simples, mas que faz toda a diferença para quem está precisando”, relata.

O mesmo sentimento move Aércio Antônio, doador desde 1989. Ele começou por um amigo, mas nunca mais parou. “Sou doador desde 1989. Comecei ajudando um amigo e nunca mais parei. Costumo doar de três a quatro vezes por ano e considero esse momento muito especial, pois é uma forma de fazer o bem sem olhar a quem. Já fiz duas doações este ano e aguardo com alegria a próxima. Agradeço a Deus por me permitir fazer esse gesto simples que pode salvar muitas vidas”, relata com o coração cheio.

Cláudio Silva, outro doador fiel, descobriu essa missão há mais de 10 anos durante uma campanha na empresa onde trabalha. Desde então, não parou mais. “Comecei a doar sangue em uma campanha realizada pela Usiminas. Para mim, doar é um ato de amor ao próximo. É algo que não me prejudica em nada, mas que pode salvar a vida de alguém que está precisando. Por isso, acredito muito na importância de sermos doadores periódicos. É um gesto simples para quem doa, mas de um valor imenso para quem recebe”, conta orgulhosamente.
Apesar do poder desse gesto, a realidade preocupa. O estoque de sangue do Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga, está baixo, especialmente dos tipos O negativo e A negativo. Segundo a Dra. Elisa Gomes, médica hematologista da Fundação São Francisco Xavier, a captação enfrenta desafios diários. “Ainda lidamos com muita desinformação e mitos sobre a doação. Muitas pessoas acham que doar pode causar fraqueza ou até doenças, o que não é verdade. Além disso, há a dificuldade de deslocamento dos doadores até os centros de coleta, a baixa fidelização e a falta de uma cultura de doação voluntária e habitual. Muitos doam apenas uma vez ou em casos específicos, como para ajudar um conhecido”, explica.
De acordo com a Dra. Elisa, a cada doação, uma nova chance de vida se abre. Doar sangue é um ato de solidariedade e responsabilidade social. Ser um doador regular, voluntário e consciente é garantir que os estoques se mantenham estáveis e que vidas continuem sendo salvas diariamente. “Costumamos dizer que uma única doação pode salvar até quatro vidas. É um gesto simples, rápido e seguro. E, mais do que salvar vidas, ele garante que vidas continuem sendo salvas todos os dias”, afirma a médica.
A triagem rigorosa, essencial para garantir a segurança de quem vai receber o sangue, também reduz o número de doações possíveis, especialmente durante o inverno, quando aumentam os casos de infecções virais. Soma-se a isso o impacto dos feriados e das férias, quando a rotina das pessoas muda e as doações diminuem drasticamente.
Para contornar esses desafios, os hospitais realizam campanhas em rádios, TVs, redes sociais e WhatsApp, além de ampliar os horários de coleta, inclusive com plantões aos sábados.
No Hospital Márcio Cunha, as doações são feitas na Unidade I, no setor de Hemoterapia, de segunda a sexta, das 7h às 11h e das 13h às 16h, e em alguns sábados. É necessário o agendamento prévio, que pode ser feito no guichê 23, ou pelo telefone (31) 3829-9600 ou pelos WhatsApps (31) 99686-1060 e (31) 98480-8199.
Já no Hospital Municipal Carlos Chagas, em Itabira, o agendamento pode ser realizado pelo telefone (31) 3067-2790, pelo WhatsApp (31) 98383-3620 ou presencialmente, no horário comercial.
A Dra. Elisa reforça a urgência e a importância da doação contínua. “Ela sustenta o atendimento em diversas situações clínicas. A falta de sangue pode até mesmo causar o cancelamento de cirurgias de alta complexidade. Portanto, se você nunca doou sangue, talvez hoje seja o dia de mudar isso. Você não conhece quem precisa, mas alguém neste exato momento está lutando por mais um dia. Então, doe sangue e faça a diferença na vida das pessoas”, pontua a médica da FSFX.
Neste Dia Mundial do Doador de Sangue, o Hospital Márcio Cunha e o Hospital Municipal Carlos Chagas agradecem a todos que fazem esse gesto de amor e solidariedade. E, se você nunca doou, talvez hoje seja o dia certo para começar. Não é preciso conhecer quem vai receber, só é preciso querer ajudar. A cada bolsa de sangue doada, uma história recomeça, um sonho continua, uma vida é salva. Entre em contato com a unidade de sua preferência e faça o seu agendamento.